CONCLUSÃO
A alfabetização, se considerada do ponto de sua gênese, é iniciada na educação infantil. Ao manipular objetos, explorar rótulos, revistas, jornais, descobrir suas funções e utilidades a criança depara-se inevitavelmente com a linguagem verbal e não verbal. Quando imita alguém, manifesta seus sentimentos, explora o meio, quando ouve, conta, reconta, lê (o que está ao seu redor), dramatiza, faz mímicas, tem a oportunidade de estar em contato com as várias formas de linguagem. Essas oportunidades contribuem efetivamente para a construção das operações mentais necessárias e preliminares ao ato de ler.
Sabe-se, hoje, que a criança aprende a ler e escrever pensando. Ela, através das oportunidades diárias organiza seus conhecimentos e idéias formulando hipóteses que são confirmadas ou superadas, de acordo com seu desenvolvimento. Isso explica a capacidade que tem de descobrir como se lê ou como se escreve determinada palavra mesmo antes de ser treinada nem praticada em sala de aula.
A partir de Emília Ferrero descobriu-se que a criança não aprende a ler ou escrever quando chega a hora, não há um período necessário de prontidão e tão pouco ocorrem insights repentinos. O que ocorre é um processo contínuo, construtivo decorrente das experiências iniciadas antes do ingresso na educação formal.
Continuamente crianças chegam à escola praticamente à beira da escrita alfabética e outras que pouco sabem sobre o assunto. Essa diferença não deve ser atribuida às diferenças sociais e sim pelas experiências vivenciadas tanto no ambiente escolar como familiar.
O ambiente pode ser muito rico em situações de aprendizagem, com jornais, rótulos, caixas, revistas, etc., a serem explorados, dentro de uma família menos privilegiada economicamente e pouco rico nas mesmas situações em uma família com maior poder aquisitivo, porém, com pouco interesse em promover situações de aprendizagem e interação com as várias formas de linguagem. Esse ambiente terá como fruto uma criança imatura, que ainda precisa percorrer um longo caminho até chegar à alfabetização.
No entanto, o que se percebe é que as crianças das classes menos favorecidas acabam tendo a escola como principal interessada por sua aprendizagem, já que seus pais precisam subsidiar a família trabalhando o dia todo, ficando a educação tanto social como formal de seus filhos, para segundo plano.
No processo histórico, a Educação Infantil passou por dois extremos: ou um espaço recreativo ou um espaço de alfabetização forçada.
Como espaço recreativo, tinha a função de cuidar das crianças, alimentá-las, observar sua saúde e higiene, entretê-las enquanto os pais trabalhavam para complementar a renda familiar. Não havia preocupação com a evolução cognitiva das crianças e também não havia preocupações pedagógicas. A escola pública tinha essa função.
A alfabetização forçada obrigava as crianças, ainda muito cedo, a entrarem em contato com a educação formal da leitura, da escrita e da Matemática. A maioria dessas práticas eram usadas nas escolas particulares que, com o intuito de alfabetizar, submetiam as crianças à avaliação, classificação, competição, rotulação, tensão, etc., sofrimentos desnecessários que podem marcar profundamente uma criança em sua trajetória escolar.
Segundo a Teoria Construtivista, a função da Educação Infantil é a de favorecer situações de crescimento no desenvolvimento global, físico, social, intelectual e emocional.
Assim, estão presentes a recreação e a alfabetização redirecionadas, de forma a atender a criança como um ser único que precisa estar preparado para atender às exigências do mundo dos adultos. Para isso, desde logo, precisa ser incentivada a pensar, construir, resolver situações, posicionar-se, decidir, etc.
A classe de alfabetização deve atender às necessidades e ao ritmo de seus alunos. Ao professor cabe perceber quem é quem em meio a esse processo e mediar a aprendizagem com intervenções adequadas sempre tendo como fio norteador o interesse e a evolução de sua clientela, entendendo a alfabetização como um processo natural no desenvolvimento da criança.
Por esse motivo, as escolas precisam oferecer às crianças um ambiente agradável, instigador, um espaço onde a criança elabora a construção de seu conhecimento.
As salas de aula devem estar equipadas de acordo a possibilitar um espaço alfabetizador, onde são oferecidos os mais variados tipos de textos e seus portadores. Através da observação, comparação, manuseio, classificação, apreciação, reflexão, etc, é que a criança se apropria dos usos e funções da escrita, condição básica para a aquisição da língua escrita.
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