Nesse momento a criança já faz uso de sinais gráficos vendo que desenhos já não são necessários, pois não dão conta de registrar o que se deseja. É um nível intermediário, conflituoso. Percebe que desenhar não é escrever. Percebe também que os adultos não escrevem desenhando os objetos que estão a sua volta.
Em determinados momentos recusa-se a escrever dizendo que não sabe e ainda, afirma que com desenhos não se escreve.
Para Emília Ferrero (1999, p.198), esse conflito é rapidamente resolvido. Segundo ela “torna-se claro que a dificuldade de diferenciar as atividades de escrever e desenhar é apenas momentânea (...)”
Se quando solicitada a escrever, a criança grafa sinais e desenhos, já se pode considerar que o conflito foi vencido. Ela já sabe que o desenho não é escrita. Que a escrita é representada por letras. Mas se ainda desenha e escreve é possível que esteja estabelecendo relações entre um ou outro. Pensa que um depende do outro.
Ferrero (1999, p.200) explica que “...a imagem podia funcionar como um complemento do texto (...) como que promovendo um apoio à escrita, como que garantindo seu significado.”
Nessa fase passa a ter preocupações mais aprofundadas em relação à língua escrita. Preocupa-se com a qualidade de sua escrita, portanto, em uma mesma palavra, torna-se necessário uma variedade de caracteres gráficos.
Também se preocupa com a qualidade de caracteres. A maioria das crianças não admite escritas ou leitura com menos de três letras por palavra.
Esses critérios de quantidade e qualidade permanecerão por muito tempo e serão responsáveis por grande parte dos conflitos surgidos ao longo do processo de alfabetização.
Serão conflitos benéficos, responsáveis por gerar situações de incoerência e insatisfação, forçando a busca de novas formas de interpretação.
Para a criança, romper com conceitos já existentes e elaborar novos conceitos constitui um momento precioso de evolução dentro do processo de construção, ou seja, de reinvenção do sistema.
Ainda é peculiar a esse período, a inconstância tanto qualitativa como quantitativa das palavras. As categorias lingüísticas começam a ter algum significado.
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Figura 2: Elaine – 6 anos – Escrita Pré-Silábica II
Nível Silábico: O nível conceitual Silábico significa um grande avanço na escrita da criança, porém, nesse período, o professor precisa ter muita atenção e habilidade para fazê-la evoluir. Do contrário, a criança acomoda-se, torna-se um Silábico convicto e problemas passam a existir.
Nesse período, a criança sabe muitas coisas sobre a língua escrita, por exemplo:
· estabelece vínculo entre a escrita e a pronúncia, isto é, a criança trabalha com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala;
· faz a correspondência quantitativa das sílabas orais e registra, para cada emissão sonora, uma letra (na palavra);
· numa frase registra para cada palavra uma letra;
· já compreende que há uma estabilidade para a escrita;
· também sabe que não se escrevem apenas substantivos;
· tenta dar valor sonoro a cada uma das letras que compõem a escrita;
· vive em grande conflito quando precisa grafar palavras monossílabas;
· começa a integrar os atos de ler e escrever.
· cada aluno apresenta características peculiares, isto é, silábico a seu modo. Assim pode marcar sua escrita com letras, pseudoletras, apenas com vogais ou com consoantes, etc.
Quando a criança apresenta escrita silábica trabalha com hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala, no entanto, para ela cada letra corresponde a uma sílaba, assim utiliza-se de quantas letras forem as sílabas das palavras.
Para interpretar a produção escrita de uma criança, precisa-se acompanhar o processo de construção desenvolvido por ela. Como agiu no momento, se silabou, como leu, como ajustou o que leu ao que escreveu.
Ao acompanhar a construção, a análise de escrita ocorrerá de acordo com o ponto de vista da criança e não o do adulto.
Com esse acompanhamento se torna possível saber o que pensou e como procedeu ao escrever, e ainda, se torna possível detectar qual o nível conceitual de evolução da escrita que essa criança apresenta.
Para Emília Ferrero, (1999, p.213), “a hipótese silábica é uma construção original das crianças que não pode ser atribuída a uma transmissão por parte do adulto. Não somente pode coexistir com formas estáveis aprendidas globalmente (...), mas que pode aparecer quando ainda não tem letras escritas no sentido escrito (...)”
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