quarta-feira, 21 de julho de 2010

Nível Alfabético

A hipótese silábico-alfabética também não satisfaz completamente à criança e ela continua na sua busca incansável de construção e superação de hipóteses a fim de procurar satisfazer sua ansiedade enquanto nova escritora.

Sentir-se-á melhor quando alcançar a fonetização da sílaba, ou seja, quando enfim perceber a constituição alfabética de sílabas que caracteriza a escrita da Língua Portuguesa.

No entanto, essa fonetização não é nem instantânea nem definitiva. É comum encontrar crianças, que ora escrevem com sílabas completas, ora de forma silábica, mesmo apresentando escrita alfabética. Nesse nível, a principal característica é o reconhecimento do som da letra.

Entretanto, nesse nível a criança ainda tem muitos problemas a resolver e precisa ser estimulada a continuar a elaborar hipóteses.

Um problema muito freqüente é o de acreditar que todas as sílabas são constituídas por duas letras, geralmente primeiro por uma consoante seguida por uma vogal. Precisa de intervenções adequadas para perceber sílabas com três letras ou mais. E ainda, quando aparece uma palavra iniciada por uma vogal a tendência é de grafar a 1ª sílaba de forma inversa. Exemplo: espelho à ‘sepelho’.

Outro problema encontrado no nível alfabético está relacionado com a segmentação das palavras. Ora escrevem tudo emendado, ora partem a palavra em vários pedaços, pois ao concentrar-se na sílaba acabam por não identificar as várias categorias lingüísticas.

Também é comum enfrentarem questões ortográficas, pois dão ênfase à adequação fonética do escrito ao sonoro. Começam a perceber que uma letra tem mais de uma função e assumem sons diferentes em diferentes situações.

A memorização e fixação mecânica, agora, são meios de auxílio para internalizar regras e convenções de palavras constituídas por grupos consonantais. Para tal, a criança necessita de muito esforço e raciocínio lógico. Do contrário terá imensa dificuldade da escrita e leitura de sílabas complexas.

O nível alfabético constitui o final da evolução construtiva da leitura e da escrita. O aluno continuará progredindo, eliminando suas dúvidas uma a uma se tiver a oportunidade de ter uma aprendizagem marcada pela elaboração pessoal e de reflexão lógica. Assim, a aquisição da base ortográfica envolve a inter-relação de aspectos afetivos, sociais, culturais, lógicos, perceptivos, motores, etc., para que a aprendizagem seja de fato construtiva.

Para Ferrero (1999, p.217), “quando o meio não provê esta informação, falha uma das ocasiões de conflito. Por isso vemos crianças (...) chegarem até o nível da hipótese silábica, mas não além disso.”

É importante que o professor tenha clareza de que, ao atingir a escrita alfabética a criança já superou muitas dificuldades, tendo pela frente as questões ortográficas que não são problemas de escrita propriamente. Ferrero observa: (1999, p.219). “Parece-nos importante fazer essa distinção, já que amiúde se confundem as dificuldades ortográficas com as dificuldades de compreensão do sistema de escrita.”

ESTAVA MUITO GOSTOSA

EU COMI CARNE ASSADA

FELIPE

CARNE

SALADA

FEIJOADA

SAL

Figura 5: Felipe – 7 anos – Escrita Alfabética

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